Hidrogênio Verde: A transição energética é um dos principais desafios do século XXI. À medida que o mundo enfrenta as consequências das mudanças climáticas, a necessidade de uma rápida expansão na produção de eletricidade baseada em energias renováveis se torna cada vez mais evidente. De acordo com o Cenário 1,5 ° C da IRENA (Agência Internacional de Energias Renováveis), até 2050, a energia renovável variável (VRE) deverá representar 70% da geração total de energia global, em contraste com os atuais 9%. Nesse contexto, o hidrogénio verde emerge como um componente fundamental para otimizar o aproveitamento da produção renovável em larga escala.
O Que é Hidrogénio Verde?
O hidrogénio verde é produzido a partir de eletricidade renovável, e seu potencial é multifacetado. Primeiramente, ele tem o potencial de substituir os atuais aproximadamente 100 milhões de toneladas de hidrogénio produzidas a partir de combustíveis fósseis, que são utilizadas como matéria-prima em processos químicos ou em aplicações de refinaria. Além disso, a crescente demanda por hidrogénio verde pode vir de setores difíceis de eletrificar diretamente, como o setor de aço, produtos químicos, aviação e transporte marítimo.
O Crescimento do Hidrogénio Verde
De acordo com a IRENA, para atingir os objetivos, o hidrogénio verde deverá experimentar um crescimento notável em termos de produção bruta. Estima-se que até 2050, o hidrogénio verde represente 14% do consumo final global de energia, um aumento significativo em relação aos níveis insignificantes atuais. Para alcançar essa produção em larga escala, mais de 5.500 gigawatts (GW) de capacidade instalada acumulativa de eletrolisadores deverão estar operacionais até 2050, e será necessário um suprimento de eletricidade de entrada equivalente a 25.000 terawatt-horas (TWh), aproximadamente o total de eletricidade consumida em todo o mundo atualmente.
A Transformação do Sistema Energético
No entanto, não basta apenas direcionar esforços para a produção de hidrogénio verde. Para colher todos os benefícios potenciais, é necessária uma transformação completa do sistema energético. Esta transformação não diz respeito apenas à tecnologia, mas, como o Cenário de Inovação para Electrificação Inteligente da IRENA destaca, requer abordagens inovadoras em áreas como regulação, modelos de negócios e planejamento e operação de sistemas.
Uma abordagem sistémica é crucial para criar um mercado global verdadeiro para o hidrogénio, fundamental para desbloquear todo o potencial da economia do hidrogénio verde. Essa abordagem de “eletrificação indireta inteligente” deve considerar aspectos como a quantidade de capacidade renovável necessária para produzir hidrogénio verde, bem como a integração eficaz de eletrolisadores à rede, possíveis expansões da infraestrutura elétrica e a disponibilidade de operações flexíveis, como a gestão da demanda.
Por exemplo, a operação inteligente e flexível dos eletrolisadores pode fornecer uma série de serviços valiosos ao sistema energético, incluindo a redução de picos de carga e congestionamentos na rede.
Identificando Locais Estratégicos
Além disso, é crucial identificar locais com alta disponibilidade de recursos renováveis que garantam a rentabilidade das operações de eletrolisadores e da infraestrutura para transportar hidrogénio e seus derivados para os pontos de consumo. A falta de qualquer um desses elementos pode comprometer a eficácia das estratégias para estabelecer uma economia plena de hidrogénio.
O Papel da COP28
Um dos pilares fundamentais da COP28 é acelerar a transição energética e reduzir as emissões pela metade até 2030. Nesse contexto, a IRENA está liderando o caminho, organizando várias sessões durante a Semana da Inovação, que reunirá líderes, especialistas, representantes da indústria e tomadores de decisões para discutir inovações de ponta. O foco dessas discussões está na aceleração da transformação energética, com ênfase na implantação eficaz do hidrogénio verde.
Em suma, o hidrogénio verde desempenha um papel crucial na aceleração da transição energética global. Para aproveitar ao máximo seu potencial, é necessário não apenas expandir a produção, mas também realizar uma transformação completa do sistema energético. Com esforços coordenados e uma abordagem sistémica, podemos alavancar a energia renovável de forma eficaz e reduzir nosso impacto ambiental.